08/07/2020
Sindusfarma
Com recuperação lenta mas estável da economia, setor farmacêutico pode crescer de 4% a 10% em 2020 e 2021
A indústria farmacêutica deverá ter um desempenho ‘médio’ este ano e bom em 2021, num contexto de recuperação lenta mas estável da economia brasileira. Esta foi a mensagem dos especialistas que participaram do Fórum Expectativas 2021, realizado pelo Sindusfarma no dia 6 de julho.
A economista Zeina Latif falou sobre a queda do PIB este ano, mas descartou as “projeções de recessão mais pesadas” feitas pelo FMI e Banco Mundial. Segundo ela, os dados de uso de cartão de crédito e de produção industrial em abril e maio sinalizam melhora dos indicadores, refletindo as medidas adotadas pelo governo, como o auxílio emergencial, além do fato de a sociedade ter se adaptado à nova realidade.
Zeina disse não acreditar que o cenário pós-pandemia gere uma pressão cambial que afaste os investidores e destacou a importância da retomada da agenda de reformas proposta pelo governo.
Mercado “retail”
A consultoria IQVIA prevê que o mercado farmacêutico “retail” crescerá 4,1% em 2020 e 10,3% no próximo ano. “O mais provável é que o mercado em 2020 fique situado no cenário de médio impacto”, disse Sydney Clark.
As indústrias farmacêuticas estimam crescimento de 5,69% este ano e 8,04% em 2021, informou Andreas Strakos, ao apresentar a pesquisa “Benchmarking de Expectativas da Indústria Farmacêutica”, realizada anualmente pelo Sindusfarma com as empresas associadas à entidade.
Marcos Calliari, da Ipsos, analisou as mudanças provocadas pela quarentena nas rotinas de trabalho, nos hábitos de consumo e no comportamento das pessoas, como o avanço das videoconferências, do marketing digital, da telemedicina e do e-commerce e a adoção de um estilo de vida mais saudável. Esse ‘novo normal’ já está impactando e gerando ajustes na indústria farmacêutica, na área da Saúde e na economia de modo geral.
Verbas para o SUS
Denizar Vianna previu a redução de recursos destinados para o Sistema Único de Saúde (SUS), como resultado da realocação de verbas para o combate da pandemia e o tratamento dos casos de Covid-19. Segundo ele, este quadro reforça o objetivo de tornar mais eficiente a gestão pública, com mudanças estruturais e no modelo de compras governamentais.
“Somado a isso, iremos nos deparar com um importante aumento na demanda por procedimentos em doenças não relacionadas à Covid, que não estão sendo tratadas nesse período, como doenças cardiovasculares e inflamatórias”, disse o ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
O encontro contou com a participação e foi mediado pelo presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini.