23/06/2020
Valor Econômico – Jornalista: Ana Paula Machado
A farmacêutica brasileira Prati-Donaduzzi está desenvolvendo canabidiol sintético em sua fábrica de insumo farmacêutico ativo (IFA) no Paraná. O presidente da empresa, Eder Fernando Maffissoni, disse que a companhia está em fase final de certificação da unidade. Segundo ele, a Prati-Donaduzzi já conseguiu o Certificado Técnico Operacional (CTO) concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção piloto do produto.
“Aguardamos o certificado de boas práticas de fabricação (BPF). Com os lotes pilotos, mais dois ou três meses deveremos ter essa certificação”, disse o executivo. Maffissoni acrescentou que a companhia já estrutura a exportação desse IFA para a Ásia.
“Estamos em conversação. Essa é uma matéria-prima muito requisitada no mundo.”
A matéria-prima pode ser usada em medicamentos à base de canabidiol para o tratamento de doenças do sistema nervoso. O uso do canabidiol sintético na fabricação de medicamentos ainda não foi aprovado pela Anvisa. O que já é permitido no Brasil é o uso do canabidiol extraído da cannabis para a produção de medicamentos, que é importado pois no país não é permitido o cultivo da cannabis. “O canabidiol sintético foi apresentado em uma feira na Alemanha e existem muitos laboratórios no mundo desenvolvendo esse produto. Somos um deles”, acrescentou.
Essa é a primeira matéria-prima produzida pela Prati-Donaduzzi no Paraná que pode ser comercialmente viável. O executivo disse que o projeto da fábrica de IFA começou com o desenvolvimento de um insumo para medicamento oncológico, porém o produto não teve o sucesso esperado e o sua produção foi “abortada”. “Agora, temos esse desenvolvimento do canabidiol sintético em curso e um outro em curso”, disse Maffissoni.
Atualmente, a farmacêutica importa de 23 a 27 quilos de matéria-prima por mês da Índia e da China. “Toda nosso insumo é importado e com essa pandemia o custo do PUBLICIDADE Ads by Teads frete está pesando nas margens. Mas, trabalhamos com uma liquidez robusta, para suportar os solavancos.”
A Prati-Donaduzzi tem capacidade de produção de 12 bilhões de doses (comprimidos) por ano na sua fábrica instalada na cidade de Toledo (PR). A companhia é lider na venda de genéricos no varejo. Segundo Maffissoni, em 2019 a companhia faturou R$ 1,1 bilhão. “Crescemos em média 15% ao ano. Dobramos de tamanho a cada quatro anos. Além do canal varejo, a venda para o SUS (Sistema Único de Saúde) tem grande participação em nosso faturamento”, afirmou o executivo.
Segundo ele, a meta é dobrar a receita da farmacêutica até 2023. Para isso, a companhia, além da fábrica de IFA, investe R$ 650 milhões em uma nova unidade produtiva de medicamentos no Paraná. “No ano passado, vendemos 10,5 bilhões de comprimidos. A nova fábrica vai adicionar 4 bilhões de doses em nossa capacidade instalada em 2022, quando iniciarmos essa operação. Hoje, trabalhamos em três turnos cheios. Neste ano, chegaremos a 12 bilhões de comprimidos produzidos e atingiremos nossa capacidade instalada.”
Além da nova fábrica, a Prati-Donaduzzi aloca parte desse investimento na linha de produção atual. Maffissoni informou que os recursos são aplicados no aumento da capacidade da fábrica. “Importamos várias máquinas para serem instaladas na linha atual. Temos um equipamento novo para embalagem que está no porto e em 40 dias deverá entrar em operação”, afirmou.
Até o final deste ano, a companhia planeja lançar até 90 medicamentos entre genéricos e de prescrição. A empresa tem um portfólio de 130 remédios indicados no tratamento de doenças como diabetes, hipertensão, Alzheimer, Parkinson, depressão, fitoterápicos e o produto à base de canabidiol. “O foco neste momento é a classe de medicamento para o sistema nervoso central. Isso vai suportar o nosso crescimento.”