20/07/2022
Correio Braziliense
Uma solução para reduzir a ansiedade e a depressão pode ser doses altas de suplementos de vitamina B6, segundo uma pesquisa da Universidade de Reading, no Reino Unido. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Human Psychopharmacology: Clinical and Experimental na terça-feira (19/7).
De acordo com David Field, um dos autores do texto, o funcionamento do cérebro depende de um delicado equilíbrio entre os neurônios excitatórios que transportam informações e os inibitórios, que impedem a atividade descontrolada.
“Teorias recentes conectaram transtornos de humor e algumas outras condições neuropsiquiátricas com uma perturbação desse equilíbrio, muitas vezes na direção de níveis elevados de atividade cerebral”, explica.
O estudo mostra que a vitamina B6 ajuda o corpo a produzir um mensageiro químico específico que inibe os impulsos no cérebro e relaciona esse efeito calmante com a redução da ansiedade entre os participantes.
Mais de 300 pessoas receberam aleatoriamente suplementos de vitamina B6 ou B12 muito acima da ingestão diária recomendada (aproximadamente 50 vezes a dose diária recomendada) ou placebo, e tomaram um por dia com alimentos durante um mês.
Assim, os pesquisadores conseguiram analisar os efeitos da vitamina no corpo. A vitamina B12 teve teve pouco efeito em comparação com o placebo durante o período de teste, mas a vitamina B6 fez uma diferença estatisticamente confiável.
As vitaminas B6 são conhecidas por aumentarem a produção no corpo de GABA (ácido gama-aminobutírico), um produto químico que bloqueia os impulsos entre as células nervosas do cérebro e no estudo os pesquisadores identificaram níveis elevados de GABA entre os participantes que tomaram suplementos de vitamina — apoiando a teoria de que a B6 foi responsável pela redução da ansiedade.
“É importante reconhecer que esta pesquisa está em um estágio inicial e o efeito da vitamina B6 na ansiedade em nosso estudo foi bastante pequeno em comparação com o que você esperaria da medicação. No entanto, as intervenções baseadas em nutrição produzem muito menos efeitos colaterais desagradáveis do que as drogas e, portanto, no futuro, as pessoas podem preferir essas intervenções”, afirma Field.
Ele ressalta ainda que mais pesquisas são necessárias para identificar outras medidas nutricionais que podem beneficiar o bem-estar mental e permitir que diferentes intervenções dietéticas sejam combinadas no futuro para fornecer melhores resultados.
Fonte: Correio Braziliense